Perco a vontade de falar, de exprimir, o ser humano não entende
nem tão pouco vai entender. Idealizo tudo de uma maneira muito simples, não
existe beleza na poesia de um bêbado e não existe tumulto na poesia de um
sóbrio. Incoerentes e tumultuados, todos nós somos, mas bêbados ou sóbrios? Minhas
duas e únicas descobertas após sentimentos dolorosos, noites de luto pelo dia e
dias de alegria pela noite… Perco a vontade de falar e quando finalmente me
sinto capaz de o fazer, sussurro querendo gritar, mas não posso, há muito pudor
nas ruas. Existe uma morte nas palavras, um silêncio quase perturbador, então
ai, é o papel das lagrimas, chora-se, só pra desatar o nó na garganta. As vezes
um choro atrasado até, aquele choro que se segura á algum tempo. Algumas
lagrimas não têm significado nenhum, são apenas lágrimas que precisam ser
colocadas em dia, precisam de ser atualizadas. Um querer desesperado de viver
sem distância, sem saudade, sem talvez. Um querer insuportável de ser muito
mais que apenas um anjo da guarda, querer ser os pés de alguém quando se sentir
incapaz de caminhar.